Sé Catedral

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A Sé Catedral de Braga, desde que foi lançada a sua primeira pedra pelo bispo D. Pedro (1070/1091), em 28 de Agosto de 1089, passou a constituir o centro político mental e, naturalmente, urbanístico, da cidade medieval de Santa Maria de Braga. A catedral é por assim dizer um livro aberto onde os sucessivos arcebispos inscreveram as suas perspectivas espirituais e seculares que marcaram as épocas que aqui viveram e edificaram.

A frontaria que podemos admirar do extremo poente da rua D. Paio Mendes não foi sempre aquela possível vislumbrar tal e qual a fotografia o exibe. Não só porque a face do templo sofreu as diversas transformações que a elegem, entre nós, como uma referência da própria antiguidade, mas porque a largura da rua, tal e qual a podemos observar, só foi rasgada há cerca de cento e trinta anos. É certo, porém, que os bombeiros já não estão ai sediados, como nos recorda a viatura estacionada em frente ao quartel de então, mas, bem antes disso, a largura da rua, como actualmente se dispõe, estendia-se somente até à confluência da rua D. Gualdim Pais, pois daí para frente constituía a praça do Pão. Para poente só podemos imaginar como seria a pequena e estreita rua de Maximinos, ou também conhecida pela antiga rua dos Burgueses, terminando junto à rua da Violinha onde então se erguia a porta da muralha de Nossa Senhora da Ajuda.

Do lado oposto desenvolve-se a rectilínea rua de S. João, partindo da cabeceira da Sé, onde sobressai o rendilhado da platibanda, esmeradamente trabalhado em pedra, tendo em baixo a virtuosa escultura de Nossa Senhora do Leite, conjunto todo ele concebido no período de D. Diogo de Sousa. A rua, inserida no programa urbanístico do mesmo prelado, terá conservado até pelo menos aos finais do século XVIII a fisionomia de uma rua da elite social bracarense. A completar, um apontamento relativo ao suporte em ferro do candeeiro de iluminação pública, sugestivo testemunho do tempo em que Braga foi alumiada a gás (1858-1917).

A Sé de Braga é também um écran onde se projecta a animação do próprio tempo, pelo que a capela da Glória e o bastião que lhe está adossado, exprimem claramente o crescimento orgânico do complexo catedralício. O pequeno templo que defronta o exíguo largo de D. João Peculiar foi mandado levantar em 1332 pelo arcebispo D. Gonçalo Pereira (1326-1348), para nele fazer sua derradeira morada. Por particularidade, além da incontornável delicadeza escultórica do túmulo, sobressaem ainda, nas paredes, pinturas a fresco com motivos mudejar, legado esse que, ainda que não sendo mais do que uma citação, nos manifesta a presença fugaz da cultura islâmica em Braga.

© Miguel Melo Bandeira – Braga d’outros Tempos – Braga, Câmara Municipal de Braga, 2005.