Museu Nogueira da Silva

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Um pouco de história

Acabada de nascer (1973), a Universidade do Minho recebe uma importante doação que inclui, além da casa e jardim, um significativo conjunto de obras de pintura, escultura, mobiliário, ourivesaria, vidros, tapeçaria, tecidos e porcelanas que António Nogueira da Silva entendeu atribuir-lhe. Alguns anos mais tarde abre, na casa que fora a sua, o Museu que perpetua o nome deste empresário coleccionador. O espírito deste gesto inicial tem-se revelado uma força de exemplo cujo alcance continua a marcar a história da Universidade, quer pela originalidade quer pela diversidade dos dons que lhe têm sido confiados.

A partir deste acervo inicial o Museu tem vindo a diversificar a sua actividade: no espaço outrora privado, uma pequena equipa cuida da manutenção da casa e jardim; dá a conhecer aos visitantes a colecção permanente; anima um Serviço Educativo destinado a criar nos mais novos o gosto e o respeito pela beleza criativa; disponibiliza e divulga o acervo da Fototeca e da Biblioteca de História de Arte; promove ciclos de conferências e debates orientados para o entendimento da Arte, numa perspectiva aberta e reflexiva entre artistas, críticos e amadores interessados; realiza cursos de formação destinados a todo o tipo de público; edita catálogos, actas de colóquios e conferências e ainda reproduções de objectos e imagens; acolhe e promove concertos de várias expressões musicais; desenvolve a acção de Nós e o Museu, Associação de Amigos do Museu Nogueira da Silva; assegura a programação da Galeria da Universidade, espaço dedicado à divulgação da Arte Contemporânea que tem dado a conhecer o trabalho de numerosos artistas nacionais e internacionais.

Nogueira da Silva foi um coleccionador sabiamente disperso tendo acumulado objectos heterogéneos nem sempre de valor museológico seguro. Aqueles que responderam aos critérios de colecção são igualmente dispersos em tempos, escolas e autores, revelando grande variedade de técnicas e de linguagens.

O espírito do coleccionador permanece no Museu. E com ele procuramos, no dia-a-dia, ajudar a criar um espaço aberto às diferentes expressões artísticas mas também às ideias que elas suscitam e ainda aos resultados que produzem na vida de todos. À imagem da Universidade ideal a quem Nogueira da Silva confiou a sua colecção.

© Carolina Leite. In Peças escolhidas da Colecção Nogueira da Silva. Braga, Museu Nogueira da Silva, Universidade do Minho, 2005.


As colecções

PINTURA – Sendo a região de Braga rica em arquitectura, talha e escultura é bastante pobre no que se refere à pintura. Assim o estudo e a revelação desta pinacoteca ultrapassa o interesse local, reflectindo-se em toda a região Norte. É essencialmente constituída por dois núcleos, um de pintura estrangeira dos séculos XVI, XVII e XVIII, com algumas peças com relativa importância para a história da pintura europeia e um de pintura portuguesa com obras de temática exclusivamente religiosa tão dominante na pintura dos séculos XVI, XVII e XVIII.

MOBILIÁRIO – A tradição de cópias de móveis era já frequente no séc. XIX em Portugal, foi-se estimulando, na proporção do aumento do nível de vida e da “democratização” do gosto, por um certo aparato. O hábito das cópias é de resto uma das causas que terá impedido a vulgarização e o êxito do mobiliário desenhado no nosso século. No entanto, apesar da utilização de cópias na sua residência, o Senhor Nogueira da Silva teve o mérito de adquirir alguns móveis de muita qualidade.

OURIVESARIA – O conjunto de pratas Nogueira da Silva é muito rico em arte sacra o que foi típico do gosto dos coleccionadores portugueses. Tem bastantes objectos fabricados no Porto e Lisboa incluindo as raras serpentinas do início do séc. XIX ou peças da famosa Joalharia Leitão. As peças marcadas em Braga são motivo de notável orgulho deste Museu. Salienta-se entre as pratas estrangeiras de que os bispos relicários são exemplares raros, a chaleira alemã da época Biedermeier, as duas salvas francesas guilhochadas, ou o bule de café rocaille fabricado em Londres.

CERÂMICA e PORCELANA – O Senhor Nogueira da Silva foi dotado de um fervor coleccionista pelas coisas Orientais, como pode ver-se não apenas nas louças desta sala, nos “blanc de Chine” do seu gabinete, ou no pote da dinastia Ming do átrio superior, mas também nos marfins e em algum mobiliário indo-português dispersos pela casa. A porcelana, material que nos fascina pelo brilho translúcido, leveza e toque deve-se à China, uma das mais requintadas civilizações. Embora as louças da China, como outros produtos preciosos, chegassem à Europa pelas diversas rotas terrestres que sempre a ligaram à Ásia, é com a descoberta do caminho marítimo para a Índia pelos Portugueses que as porcelanas são exportadas em quantidades significativas para a Cristandade.

FAIANÇA – O conjunto de faianças do Museu Nogueira da Silva não tem a importância nem a extensão do acervo de “louça encomendada de porcelana da China” existente, mas há indiscutivelmente peças notáveis.

ESCULTURA – Além das esculturas de Jorge Barradas, notável escultor e ceramista contemporâneo bem representado na casa e no jardim, o Museu possui uma importante colecção de marfins. Para além do inquestionável prazer estético proporcionado, os marfins recordam-nos a extraordinária capacidade dos povos hispânicos para a miscigenação cultural de que algumas das presentes imagens são testemunho.

In Texto/Guia do Museu Nogueira da Silva. 2002.

Textos: Carolina Leite, César Valença
Apoio técnico e textos das fichas técnicas: Maria Helena Carvalhinho Trindade