Campo de Santiago e Largo de São Paulo

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Aceder ao Campo de Santiago pela rua do Anjo compreende um dos itinerários mais gratificantes do património urbanístico de Braga. Aí chegados torna-se possível vislumbrar a fachada principal e bem ensoalheirada do seminário do mesmo nome. Do lado oposto, aproximadamente fronteiro, temos o palácio setecentista da ilustre família dos Falcões Cotta (actual edifício do Governo Civil Distrital). De igual modo também não passa despercebida a sobranceira torre medieval de Santiago, flanqueando a entrada Sul da cidade, a qual primitivamente se fazia pelo seu interior.

O presente espaço insere-se no já referido sistema de praças que envolve o exterior do perímetro amuralhado de Braga. Também aqui se pode constatar as diferentes e sucessivas marcas de um tempo que é recente e de um espaço que se revela dinâmico. Desde os flash‘s produzidos pela presença e pela ausência do mobiliário urbano – o quiosque, o mictório, o marco do correio – passando pelas diferentes espécies arbóreas ensaiadas no centro da praça; até aos contextuais usos do edificado, como o quartel dos militares de infantaria 29 no Colégio, e da casa das monjas, no gaveto da rua do Alcaide, todo o espaço respira as diversas vivências de um tempo que foi tomado por seu e hoje não é mais do que uma ténue memória.

A torre de Santiago é bem reveladora do carácter contrastado que algumas das imagens comuns atribuem à nossa cidade. Para fora é um baluarte austero, mantendo a estrutura ancestral intacta, apesar das ameias terem sido substituídas por janelas domésticas. Intramuros, a torre revela-nos a vivacidade e a exuberância Barroca do oratório de Nossa Senhora da Torre, voltado para aquele que, durante mais de dois séculos, foi o pátio académico dos Estudos Gerais de Braga.

Afastando-nos do local, já próximo do extremo Sudoeste da cidade medieval, não podemos deixar de reparar que, além da igreja do Colégio, concluída ao tempo de D. Frei Bartolomeu dos Mártires (1559-1582), de traça jesuítica, perspectiva-se um particular remate decorativo do muro do arruamento que lhe dá acesso. Este arranjo, ainda hoje subsistente, para lá de nos revelar um conceito de património então dominante, que fazia prevalecer os critérios identificativos do período fundacional da nação em detrimento dos valores da reconstituição histórica, proporcionaria a obtenção do efeito cénico sobre o ainda que pacato testemunho sedimentar do tempo.

© Miguel Melo Bandeira – Braga d’outros Tempos – Braga, Câmara Municipal de Braga, 2005.