O Campo da Vinha, toponimicamente denominado praça Conde de Agrolongo, é mais um dos produtos urbanísticos da acção programática do arcebispo D. Diogo de Sousa. O nome popular pelo qual ainda hoje todos os bracarenses o conhecem decorre do facto de aí ter existido o vinhedo de Santa Eufémia. Para o efeito, o prelado comprou o terreno à sua custa e ofereceu-o, reconvertido em praça, a Braga e aos seus cidadãos.
Durante muito tempo este foi o recinto mais amplo de entre os demais existentes. Local de profundo significado histórico, não só para a cidade como para o próprio País, aqui se assistiu a algumas das movimentações populares mais significativas do século XIX, com a Revolta da Maria da Fonte. Daqui partiram os revoltosos de 28 de Maio de 1926, que deram origem à criação do Estado Novo. Também, no extremo oposto da praça, durante o rescaldo da revolução de Abril de 1974, se desencadearam algumas das tensões ideológicas mais dramáticas da nossa História recente.
O Campo da Vinha, enquanto espaço aberto do Renascimento, foi um elemento agregador de uma das expressões urbanas mais evidentes da Contra-Reforma, o fomento de novas instituições religiosas. Assim, foi criado o seminário de S. Pedro (1571), demolido nos princípios do século XX; o Convento do Pópulo (1596), reconvertido em quartel militar e albergando hoje os serviços da Câmara Municipal de Braga; o Convento do Salvador (1592), tendo mais tarde, em 1884, se tornado no Asilo de Mendicidade Conde de Agrolongo; entre outros.
Todavia, o Campo da Vinha protagonizaria igualmente o espaço da famosa feira semanal de Braga, onde especialmente recordamos a feira da loiça que fazia sentir à cidade o bulício dos artesãos do barro e das gentes procedentes da vasta região rural que Braga atrai. Mas o Campo da Vinha foi o terreiro das grandes paradas militares; o circuito de corridas de ciclismo e, junto do Pópulo, o local onde foram ensaiados alguns dos primeiros desafios de futebol praticados entre nós.
© Miguel Melo Bandeira – Braga d’outros Tempos – Braga, Câmara Municipal de Braga, 2005.