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Dos fundadores da cidade, os romanos, quase nada nos resta: apenas a Fonte do Ídolo e umas termas públicas.

As invasões e guerras suevas destruíram os restantes monumentos romanos, obra que, mais tarde, inícios do século VIII, foi completada pelos árabes. Exceptuando o túmulo paleocristão, de fabrico oriental, que se guarda no Tesouro da Sé, apenas nos restam alguns preciosos testemunhos nos arredores da cidade: na Falperra (Monte de Santa Marta das Cortiças), os alicerces de um convento com igreja do século V ou VI; no Museu D. Diogo de Sousa, a tampa de uma sepultura e um sepulcro, ambos em calcário, com excelentes baixos-relevos de temas religiosos, datados talvez do século VII, provenientes de Dume; e a Capela de S. Frutuoso.

Pré-românicos são ainda o cálice e patena (chamados de S. Geraldo) e o báculo de Santo Ovídeo, fundidos no início do século XI, que se guardam no Tesouro da Sé, juntamente com o maravilhoso cofre árabe de marfim, datado de 971.

Com a criação do Condado Portucalense, outra era se abre. A paz e estabilidade territorial novamente conquistada permitiram que Braga voltasse a ser a metrópole religiosa e cultural de primeira ordem. As muralhas foram erectas e deu-se início à Sé, quase concluída em inícios de século XII. Infelizmente poucos são os restos românicos (onde a influência de Borgonha – França é bem visível) além da estrutura da igreja e da Porta do Sol, cuja decoração influenciou toda uma vasta região que coincide, grosseiramente, com a área do Distrito de Braga.

De restos românicos nada mais temos, alterados que foram nos séculos XVI-XVIII.

Do Gótico pouco existe: a Capela de Nossa Senhora do Livramento, no estilo das Ordens Mendicantes; as Capelas de S. Gonçalo e de S. Geraldo (século XIV) e a galilé (século XV), na Sé; e a Capela da Sé Velha, em Dume, todas de relativo valor artístico. Excepcionais, são porém, o túmulo do arcebispo D. Gonçalo Pereira (sobretudo a máscara funerária), obra dos escultores Pêro e Telo Garcia, e a imagem de Santa Maria da Capela-Mor da Sé, obra francesa também do século XIV.

O manuelino em Braga não se faz sentir. Mercê da chamada que D. Diogo de Sousa fez de alguns mestres espanhóis da Biscaia, é antes um “plateresco” que nos surge. De muito grande qualidade de concepção e de execução é particularmente visível em toda a obra da Capela-Mor e Baptismal da Sé. As janelas da Casa dos Coimbras marcam já o apontar de um novo estilo (renascença), que em Braga iria ser pouco popular. Há no entanto boas esculturas desse período: Senhora do Leite e as estátuas jacentes de D. Diogo de Sousa; D. Henrique e D. Teresa, atribuíveis a Nicolau de Chanterenne; esculturas exteriores da Capela dos Coimbras (obra de João Ruão); uma boa fachada de um templo (Misericórdia – datada de 1552) e das Casa dos Paivas. Do mesmo modo pouco se fez sentir, em Braga o manuelino, além da jesuítica igreja do seminário de São Tiago.

Os séculos XVII e XVIII viriam marcar o apogeu da arte bracarense; resultado do novo ascetismo, que rapidamente degenerou num tradicionalismo ainda mais conservador, e do ouro que nos chegava das colónias do Brasil. A arte religiosa volta a ter um novo e grande esplendor, marcado por um fausto que, com os arcebispos D. José e D. Gaspar de Bragança, atingiu pontos quase impossíveis de igualar. Simultaneamente criaram-se novas Ordens Religiosas e as já existentes beneficiaram profundamente desse novo esplendor que atingiu o auge com os Beneditinos e Tibães.

Num clima assim tão propício, a escultura e a talha rapidamente criaram história, fazendo obra e preparando artesãos que se espalhariam por todo o País, sem encontrarem rivais. Da mesma maneira a arquitectura (que estenderia a sua influência até ao Brasil), o ferro forjado, o latão, etc., deram obras-primas, algumas de nível europeu, como a Casa do Raio, a Capela de Santa Maria Madalena da Falperra, o Altar-Mor de Tibães, o Côro da Sé, etc. Enumerar os artistas é também difícil, tal é a quantidade: André Soares, Marceliano de Araújo, Frei José Vilaça, Frei Cipriano da Cruz, Agostinho Marques, Jacinto Vieira, são os nomes que mais rapidamente nos ocorrem. Mas não poderemos esquecer Matias Lis de Miranda, Cristóvão José Farto, etc.

O neoclassicismo, cuja primeira obra em Braga é o Convento e Igreja do Pópulo viria rapidamente a entrar no gosto bracarense, mercê das excelentes obras traçadas pelo engenheiro-arquitecto Carlos Amarante. Além do Pópulo, traçou a Igreja do Bom Jesus (1781), Igreja e Hospital de S. Marcos (1787), etc. Na talha, apareceria novamente um grande entalhador (o maior do seu tempo no País), Leandro Braga, que vivera e trabalharia em Lisboa.

Os séculos XIX e XX, não foram propícios à arte em Braga. Não só não apareceram obras de qualidade como se assistiu até à demolição da Cidadela Medieval (1905) e do Convento dos Remédios (1912) O único nome, de mediano valor, sobe acima desta pobreza confrangedora: o arquitecto Moura Coutinho, autor do Teatro Circo (1907-1915), prédios da Rua Júlio Lima (cerca de 1930).

Braga Monumental. In Braga, Guia Turístico. Braga, Edições Espaço, Setembro de 1985.